Discurso do Cardeal Larraona

DISCURSO DO CARDEAL LARRAONA
POR OCASIÃO DO FUNERAL DA PRIMEIRA MESTRA TECLA

 

Não sabeis e não imaginais quanto se sofreu, trabalhou e rezou… agora encontrais as coisas feitas: mas elas não se fizeram sozinhas… houve cansaço, trabalho, inspirações, muita correspondência, sacrifícios e fé!…

Deus pensou em cada uma de vós, quando preparava aquele ambiente de perfeição e de apostolado que é a vossa Congregação.  A Primeira Mestra, com Pe. [Alberione], foi parte principal de tudo. Foi um pouco mãe de todas as famílias paulinas, pois o desenvolvimento realizou-se aos poucos, com crises e preocupações, amarguras e lágrimas… Eu sou testemunha de algumas.

Eu me lembro dela. Transmitia tudo com transparência e limpidez, sem exageros, como diz São Paulo: «Modestia vestra nota sit omnibus hominibus…» [Vossa modéstia seja conhecida por todos] (Fl 4,5). Percebia-se que ela sentia Deus, que realmente unia a contemplação à ação; a contemplação tornou-se viva.

Contemplativa na ação, pois também a ação pode ser contemplativa. Não duas vidas, mas uma só, simplificada, unificada; uma vida na qual ver tudo em Deus, servir Deus, comunicar Deus. Vida intensa, feita de trabalho, preocupações, iniciativas e cuidado das filhas e de muitas outras coisas…

A vida da Filha de São Paulo também é assim. Movimentada, empenhada, orientada ao livro e ao jornal. Se perder a paz, a calma e o contato com Deus, não há luz. Se, ao invés, os corações estão em contato com Deus, existe luz, calor e força. Cuidar para que os corações estejam sempre em contato com Deus: assim a vida é santificada.

Realmente maravilhosa é a união da contemplação com a ação, é maravilhosa a união do trabalho constante, assíduo e exaustivo com a fidelidade à vida interior. Este empenho contínuo proporcionava calma, paz e ânimo à Mestra Tecla. […] Possuía uma força suave que se domina e domina, pois sem querer se impõe, mas suavemente, é uma força à qual não se resiste.

A Primeira Mestra não é somente vossa Mãe, mas também vosso Modelo. Toda Filha de São Paulo digna deste nome, deve realmente espelhar-se, em todo lugar e a todo custo, neste modelo perfeito de Paulina.

A Primeira Mestra é o vosso modelo. Revivam o modelo que tendes; espelhai-vos nele, fazendo como ela fez. Lá do Paraíso ela pode dizer como São Paulo: «Imitatores mei estote sicut et ego Pauli, sicut et ego Christi!». [ Sede meus imitadores como eu, Paulo, fui de Cristo] (1 Cor 1,11).

Cada uma pode dizer: A Primeira Mestra me quis muito bem, também quando me admoestou e repreendeu, exatamente, porque me queria bem. Talvez eu não entendesse. Mas era assim. Cada uma se sentia abraçada pela solicitude materna que sabia intuir, e prover para que todas tivessem ajuda e conforto. Religiosa santa! Superiora Santa! Apóstola da imprensa santa!

Realmente maravilhosa esta missão! Amai-a! Dediquem tudo o que sois e tendes. Lembrai-vos que esta paixão que vos foi comunicada, foi acesa antes naqueles que a transmitiram a vós: chama da chama, luz da luz, vida iluminada e aquecida por uma vida iluminada e aquecida. A primeira discípula, de fato, foi a Primeira Mestra que agora vós a pensais e a recordais ainda viva. Foi verdadeiramente amável, doce e materna. É vosso modelo perfeito. “Eu creio na vida eterna”: nós cremos na vida eterna, vendo a Primeira Mestra sempre viva em Deus.

Dou-lhes minhas condolências […] mas ao mesmo tempo nos alegramos interiormente […]. Logo ouviremos o canto: «In Paradisum deducant te Angeli». [“Que os Anjos te conduzam ao Paraíso”]. Vossa Mãe e Modelo está no Paraíso. Ela vos diz: “Façam o que fiz e receberão o que eu recebi”.

Lembrai-vos que ela é vossa Mãe e tem grande parte na vossa vida. Recordai-vos que ela foi apóstola e quer que vos assemelheis a ela não somente na vida religiosa, vivida na fidelidade e profundidade contínua, mas também no apostolado.

Nós, pela comunhão dos Santos, não estamos sós […]. Bela e consoladora é a Comunhão dos Santos, pela qual a vida dos bem-aventurados está em contínuo contato com a nossa e nós podemos estar sempre unidos a eles.

Não é apenas uma recordação, mas uma doce realidade: a Primeira Mestra está vida e vos espera. Lá do Paraíso, ela vos vê, guia, ajuda e comunica o que ela era e tinha.

Felicitações, entusiasmo, confiança; coragem e louvor a Deus. Avante! Que vivais em modo sempre digno da grande graça que é a vossa vocação religiosa, a vossa vocação apostólica, a vossa vocação ao apostolado das comunicações sociais.

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